Com solução que melhora o metabolismo das plantas, empresa prevê forte
aumento de receita
Por Fernanda Pressinott — De São Paulo
05/04/2022 05h03 ·
Rodrigo Lovato e Luzo Dantas Junior (de óculos), da Effatha Agro: testes da tecnologia em andamento em dez países —
Foto: Divulgação
Reorganizar átomos em laboratórios superequipados parece coisa de filme de
ficção, mas essa tecnologia não só é real como está sendo empregada por uma
empresa brasileira no agronegócio pela primeira vez. Depois de 20 anos de
pesquisa, a Effatha Agro criou uma solução que altera e reorganiza a distância
entre os átomos dos nutrientes para que as plantas consigam absorvê-los mais
facilmente.
Como resultado, garante a empresa, as plantas crescem com mais vigor, e a
produtividade das lavouras aumenta. A solução também permite fazer o contrário,
limitar o acesso das plantas a elementos prejudiciais às culturas.
Para garantir que a ideia funciona, a Effatha oferece aos clientes um teste gratuito
obrigatório antes da contratação do serviço. No momento, 50 mil hectares estão em
fase de testes em dez países, entre eles Israel e Estados Unidos.
Com soluções comerciais desde 2019, a Effatha Agro faturou R$ 600 mil em 2021,
quando vendeu a apenas oito clientes, e prevê chegar a R$ 4 milhões neste ano.
“Estamos prospectando muitos clientes nesses 50 mil hectares em teste, e por isso
temos certeza do aumento da receita”, diz Luzo Dantas Junior, diretor de tecnologia
da empresa.
Ele explica que, com mais distanciamento entre os átomos de potássio, por
exemplo, as plantas usam menos energia para quebrar essas partículas e usar na
metabolização de gordura, aminoácido e hormônio. Assim, a solução funciona com
qualquer nutriente.
Vídeo foi inspiração
Dantas Junior, que sempre atuou com tecnologia da informação, teve a ideia de
rearranjar átomos em 2000, depois de assistir a um vídeo na internet que mostrava
o uso de diferentes frequências de som no rearranjo de areia em uma placa de
alumínio. Em 2007, ele teve seu primeiro resultado em laboratório e, sete anos
depois, criou uma solução.
Luzo encontrou Rodrigo Lovato, veterinário de formação, apenas em 2017, e só
então surgiu uma solução comercializável. “Luzo queria conhecer a fórmula química
de um corante e um amigo nos apresentou. Achei ideia dele incrível e começamos a
trabalhar juntos”, diz Lovato, que tem um laboratório em Campinas (SP). Segundo
eles, a tecnologia não deixa resíduos no meio ambiente nem nos alimentos e pode
ser usada em conjunto com os defensivos que o produtor já utiliza.
No modelo de negócios da Effatha, o produtor paga um valor cheio por hectare. A
reorganização de átomos ocorre desde antes da semeadura até a fase final de
enchimento de grãos ou crescimento das plantas, por controle via satélite. A
tecnologia serve a qualquer cultura, mas há modelos previamente desenhados para
soja, milho, cana, feijão e arroz.
Já observada por pesquisadores da Esalq, USP Ribeirão Preto, Instituto Biológico de
São Paulo, UFV e Unesp, a tecnologia atraiu o interesse de fundos de investimento
pela Effatha. Mas os sócios preferem seguir como estão. “Estamos fugindo do
modelo de startups e de investidores que ficam alguns anos, compram grande parte
da empresa se metem no operacional. Seguimos sozinhos”, diz Dantas.
A companhia faz parte da holding Arca Real, criada pelas duas empresas dos
executivos, a DNApta, de Lovato, que atua em biotecnologia, e a Effatha, que era
do Dantas, ambas com outros sócios. Eles também estão iniciando testes na Statera
Agro, que quer criar parcerias com empresas de defensivos para potencializar os
efeitos sobre os patógenos.
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